Resenha do livro "A arte de dar feedback"
Um guia fantástico para quem busca trilhar o caminho da liderança e gestão.
Existem alguns livros que se apresentam para nós em circunstâncias perfeitas, e este é um deles. Em 2019, passei em uma livraria após o almoço para olhar sem compromisso e o encontrei na seção de novidades. As cores da capa, o título e a coletânea de autores que o fizeram, me chamou atenção. Comprei sem hesitar!
No dia seguinte, por coincidência do destino, fui promovido a líder de um grande projeto. Nunca me esquecerei dessa sequência de acontecimentos que fortaleceu ainda mais o pensamento de que realmente somos o que lemos.
Enfim, seguindo para a obra de hoje, “A arte de dar feedback” é um dos guias publicados pela Harvard Business Review, onde uma série de artigos de diferentes autores tem o objetivo de provocar reflexões inteligentes sobre as melhores práticas na gestão de negócios.
Então, se você almeja algum cargo de liderança, ter seu próprio negócio ou até mesmo aperfeiçoar a sua comunicação para estabelecer objetivos com maior clareza, esse livro e outros da coleção podem entrar para a sua wishlist.
O que você vai aprender
Como a própria obra sugere, o prefácio é entitulado em “O que você vai aprender” e de forma objetiva lista situações do dia-a-dia em que você conseguirá aplicar os aprendizados do livro, como: fazer comentários construtivos, transformar conversas difíceis em produtivas, identificar a raiz de problemas de desempenho, estabelecer objetivos claros e comunicar críticas com eficácia.
Assim, o conteúdo é divido em três seções:
- Feedback constante;
- Avaliações formais de desempenho;
- Temas difíceis.
Se decidiu ler mesmo sem estar dentro dos contextos que citei acima, alguns capítulos podem ser cansativos, pois grande parte de seus exemplos são do mundo corporativo e por mais que seja possível transpor a maioria das situações para a vida pessoal, talvez seja difícil traçar o paralelo caso você não tenha vivenciado algumas das experiências.
Síndrome do fracasso inevitável
Compondo a primeira seção do livro, Jean-François Manzoni e Jean-Luis Barsoux, dissertam sobre como um feedback ruim pode destruir o desempenho de qualquer um. Em resumo, sendo uma das passagens mais impactantes pra mim, existe um membro da equipe que sempre decepciona e piora em desempenho, mesmo com o acompanhamento e cuidado da liderança.
Os autores consideram que esse acontecimento pode estar diretamente relacionado ao líder da seguinte forma:
- Começa por um relacionamento positivo.
- Algo não segue conforme combinado e o líder questiona o desempenho do colaborador e por isso decide acompanhar minuciosamente.
- Este colaborador, por sua vez, percebe a falta de confiança. Assim, se desmotiva e começa a reagir mecanicamente a ordens e para de tomar decisões.
- Por fim, o líder enxerga mais mediocridade e o pressiona cada vez mais.
Muitas histórias como essa terminam em demissão, mas isso não impede que o mesmo se repita com outros membros da equipe.
“Uma equipe é como um organismo em funcionamento. Se um membro está sofrendo, todos sentem aquela dor.”
O ideal é romper com essa dinâmica e mudar o comportamento. Para isso os autores citam diversos exemplos práticos do que fazer, desde como identificar a síndrome na sua equipe até como reverter a situação.
Se saindo bem em conversas difíceis
A última seção do livro, “Temas difíceis”, me chamou bastante atenção. Acredito que assim como eu, muitos também tem dificuldades em passar por essas situações no dia-a-dia. No fim, acabamos nos virando, mas será que fazemos da melhor forma?
Além dos diversos estudos de caso que você vai encontrar, Amy Gallo nos trás exemplos e estruturas para seguir no planejamento de uma conversa difícil. Assim, para dar o primeiro passo, é importante que tenha três coisas em mente: conteúdo claro, tom neutro e elaboração equilibrada das frases.
Portanto, garanta sempre que o ouvinte está entendendo a sua mensagem e se em algum momento ela for distorcida, repita da mesma maneira que disse na primeira vez.
Sobre o tom neutro, será alcançado através da prática, pois quanto menos expressão e linguagem corporal, menos peso emocional será levado para a conversa. Pense na neutralidade clássica da Nasa: “Houston, we have a problem”.
Por fim, para ter equilíbrio nas suas falas sem que provoque reações intensas, você pode usar as diversas opções presentes no livro, por exemplo “Você enxerga a situação de um modo diferente?” ou “Cheguei a essa conclusão porque…”.
Ainda assim, mesmo quando bem executadas, conversas difíceis podem gerar atrito, afinal ninguém se sente bem ao ouvir um feedback desfavorável.
“Mas lembre-se: ao dar feedback negativo a alguém que provavelmente ficará na defensiva, não é seu trabalho fazer com que a pessoa se sinta melhor. Seu trabalho é transmitir a informação de maneira clara, neutra e equilibrada — atendo-se aos fatos e ao modelo.” — Amy Gallo.
Aprendizados
Esse livro veio até mim em um excelente momento. Fico feliz por conseguir colocar várias lições em prática e observar os resultados. De tudo que aprendi, o que mais me cativou foi a capacidade de desenvolver uma comunicação mais objetiva, afinal, através dessa leitura passei a observar mais como eu me expressava e qual a reação minhas frases, observações e críticas despertavam nos ouvintes.
Sem dúvidas, “A arte de dar feedback” é um guia fantástico para quem busca trilhar o caminho da gestão e liderança. Com a diversidade de opiniões de autores relevantes, é impossível sair desta leitura sem grandes aprendizados.
No entanto, como disse acima, é uma leitura específica e técnica. Apesar da linguagem simples e da quantidade de exemplos, os seus aprendizado estarão diretamente relacionados ao momento profissional em que você se encontra e a suas metas de carreira.
Como qualquer livro, é sempre bom revisitar as anotações para fazer uma releitura dos pontos de destaque. Entretanto, passei a considerar este como um manual de sobrevivência corporativa e, por isso, tento deixá-lo sempre por perto.
E você, já leu ou pretende ler este guia? Caso se interesse, me conte o que achou.
Até breve!
Forte abraço,
Stéfano B. Girardelli.